terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Cidadão Boilesen, mais uma vez, quem quiser pode chegar

Assisti esse doc de novo, no fim de semana, percebi detalhes que não havia percebido da primeira vez. Esse documentário é obrigatório para quem tem interesse em conhecer a História do Brasil. Nesses dias em que os milicos estão querendo botar as manguinhas de fora, é bom ver o tipo de sociedade que possuíamos quando esse país era governado por generais. Outro ponto importante do filme é ver que os gorilas não mandavam sozinhos, tinham atrás de si todo um batalhão de engravatados da Avenida Paulista, sempre prontos a distribuir farta verba para o combate a "subversão". Detalhe, essa relação promíscua entre burguesia e orgãos de repressão prossegue até os dias de hoje, via polícias.  

Publicado em 26 de abril de 2010


Já está disponível para download o documentário Cidadão Boilesen



Quem tiver interesse vá ao excelente blog Documentários de Verdade. O filme Cidadão Boilesen foi vencedor do festival É Tudo Verdade de 2009. Além da nefasta trajetória do infame empresário dinamarquês, esta obra discute a formação da Operação Bandeirantes (OBAN), de triste memória. Com depoimentos surpreendentes, vemos como se desenvolviam as relações entre a linha dura militar e empresários brasileiros, sobretudo paulistas, que acolheram em seu estado a estrutura inicial da OBAN, que posteriormente seria convertida nos DOI-CODI, que por sua vez seriam expandidos para todo o país. A OBAN decretou uma guerra selvagem a toda e qualquer oposição ao regime da Ditadura, e contou com apoio generoso do empresariado nacional. Boilesen fazia a ponte entre os gorilas e os ricaços paulistas. Este dinamarquês não só financiava a tortura, como fazia questão de participar das seções, chegando mesmo a inventar um aparelho de martírio, batizado de pianola Boilesen, um teclado que transmitia ondas de choque em voltagem crescente. O empresário em questão era presidente do grupo Ultragaz, e não foi o único a financiar os torcionários, muitos empresários que hoje posam de bons velhinhos, vendendo mercadorias a prestações a perder de vista, em lojas de móveis e eletrodomésticos, colaboraram com a OBAN. Além de banqueiros, como o dono do Bradesco, denunciado no filme, e muitos outros, escondidos no anonimato. De tão entusiasta da repressão, Boilesem chamou a atenção das organizações de guerrilha urbana, e acabou sendo fuzilado em praça pública, de acordo com a justiça revolucionária. Vale a pena ver esse documentário, recomendo.

Uma última palavra sobre o cidadão Henning Albert Boilesen e sua execução:
Matou bem!


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