sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Unasul pode ter estatuto contra golpes de estado, diz chanceler

Chanceleres do Uruguai, Luis Almagro, da Argentina, Hector Timerman, do Equador, Ricardo Patino e da Bolívia, David Choquehuanca, chegaram a Quito para reunião


Os chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) chegaram nesta sexta-feira à capital equatoriana, Quito, para ratificar o respaldo à democracia após o distúrbio ocorrido entre o presidente, Rafael Correa, e policiais rebelados. Na chegada, o chanceler Venezuelano, Nicolás Maduro, informou que a organização está elaborando um estatuto contra as tentativas ou golpes de estado. As informações são da emissora local de TV Telesur.
"Se contrói um estatuto contra golpes de estado denominado 'Cláusula Democrática', onde se tomará uma série de ações contra as pessoas que promovem a desestabilização da ordem democrática de um país da região", explicou Maduro.
Segundo ele, quando houver intenção de golpe de estado, se estabelecerá "o fechamento de fronteiras, comércios, transações financeiras e voos comerciais". Ou seja, um conjunto de sanções para que nenhum golpista tente fugir aos países vizinhos e seja capturado.
Além de Maduro, também chegaram a Quito os chanceleres da Argentina, Héctor Timerman, David Choquehuanca, da Bolívia, Luis Almagro, do Uruguai, María Angela Holguín, da Colômbia, Alfredo Moreno, do Chile, e Antônio Patriota, vice-chanceler do Brasil. Rafael Folonier representará o secretário-geral da Unasul, o ex-presidente argentino Néstor Kirchner.
A viagem dos chanceleres foi decidida pelos presidentes da Unasul reunidos com urgência na madrugada desta sexta-feira em Buenos Aires para abordar a situação do Equador. Em um documento de seis pontos, os mandatários "condenaram energicamente a tentativa de golpe de Estado e o posterior sequestro do presidente Rafael Correa", ocorridos na quinta-feira no Equador.
Pouco depois da partida dos ministros, embarcou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que antes de viajar explicou por que a viagem ao Equador é feita por chanceleres e não presidentes. "Uma viagem dos presidentes tem outra conotação. Esta decisão de que os chanceleres viajem é a correta, dado que houve um desfecho (em Quito). Tudo tem seu momento", afirmou o presidente venezuelano.
Entenda a crise 
Os distúrbios registrados no Equador têm origem na recusa dos militares em aceitar uma reforma legal proposta pelo presidente Rafael Correa para reduzir os custos do Estado. As medidas preveem a eliminação de benefícios econômicos das tropas. Além disso, o presidente também considera a dissolução do Congresso, o que lhe permitiria governar por decreto até as próximas eleições, depois que membros do próprio partido de Correa, de esquerda, bloquearam no legislativo projetos do governante.

Isso fez com que centenas de agentes das forças de segurança do país saíssem às ruas da capital Quito para protestar. O aeroporto internacional chegou a ser fechado. No principal regimento da cidade, Correa tentou abafar o levante. Houve confusão, e o presidente foi agredido e atingido com bombas de gás. Correa precisou ser levado a um hospital para ser atendido. De lá, disse que havia uma tentativa de golpe de Estado. Foi declarado estado de exceção no Equador - com militares convocados para garantir a segurança nas ruas. Mesmo assim, milhares de pessoas saíram às ruas da cidade para apoiar o presidente equatoriano.
Após passar mais de 10 horas no hospital, Correa foi resgatado do prédio cercado por rebeldes. Na operação, houve troca de tiros entre militares e policiais. Correa foi levado para o Palácio Presidencial, de onde discursou para milhares de simpatizantes. Segundo a Cruz Vermelha do Equador, duas pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas nos distúrbios.




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