domingo, 15 de agosto de 2010

Contra o obscurantismo do PIG, a História. A trajetória da luta armada no Brasil


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O PIG nunca teve compromisso com a História do Brasil, e não será agora que terá. Seu desespero em recontar a nossa história é semelhante ao dos criminosos que tentam a todo custo esconder o seu passado. Mas isso não é novidade em países que tem elites como as nossas.

Novamente o PIG põe para funcionar sua máquina revisionista, agora para ajudar seu candidato nas eleições de outubro. Em sua proposta de confundir, desenformar e espalhar o pânico, os veículos do PIG apresentam uma visão completamente deturpada do que foi a resistência armada a Ditadura no Brasil.

No quadro acima, temos um organograma de todas as organizações guerrilheiras que combateram o regime militar. É necessário deixar claro que quem partiu para a violência foram as elites civis e militares, a partir de 1º de Abril de 1964. O presidente João Goulart, eleito democraticamente pelo povo brasileiro, foi deposto pela via das armas, num flagrante atentado a democracia nacional. O que tivemos em 64 foi um assalto ao poder, uma ação criminosa contra as instituições do país. Apesar disso, quase toda a imprensa brasileira acolheu de braços abertos o novo poder, mostrando seu caráter imoral, desonesto e perverso.

Pelo quadro acima, vemos que a esquerda nacional, até finais dos anos 50, era capitaneada pelo Partido Comunista Brasileiro. Porém, uma série de crises internas levou a Partidão a sofrer vários rachas, processo que se estendeu por toda década de sessenta.

O grupo de Dilma Roussef, o Colina (Comandos de Libertação Nacional) , tem sua origem num dos primeiros rachas do PCB, o que deu origem a Polop (Política Operária). A Polop preconizava a passagem imediata para o sistema socialista, mas tal modelo deveria ser construído através do fortalecimento dos movimentos sociais do país. Essa organização concentrava seus quadros no meio universitário, e foi uma das que atingiu maior densidade teórica, com militantes destacados no meio acadêmico. Dentre os quadros da Polop estava: Theotônio dos Santos, Moniz Bandeira, Vânia Bambirra, Ruy Mauro Marini, Juarez Guimarães, Emir Sader, Eder Sader, Michael Löwy, Eric Sachs e Dilma Rousseff*.

O que deve ser deixado claro é que o radicalismo das organizações de esquerda no Brasil foi proporcional ao radicalismo do regime. A partir de Costa e Silva, a linha dura militar chega ao poder. No ano de 1968, como resposta a política salarial recessiva dos militares, e a medidas educacionais que visavam desnacionalizar o sistema de ensino nacional, via acordos MEC-USAID, operários e estudantes se mobilizaram contra a Ditadura. Mas os mandatários na Nação não toleravam oposição e não estavam abertos ao diálogo. O que se viu em 1968 foi uma onda se selvageria policial, espancamentos, assassinatos, prisões em massa, torturas e todo tipo de arbitrariedade contra os movimentos sociais do país.

É nesse panorama que grupos mais avançados optam por partir para a luta armada. É necessário salientar que este processo não se observou apenas no Brasil, algo semelhante se verificou em toda a América Latina, nos EUA, e mesmo em países da Europa ocidental, como Alemanha e Itália, em princípios dos anos 70.

Contra os cacoetes policialescos da direita, é bom deixar claro que filósofos como John Locke, pensador de cabeceira dos defensores do liberalismo mundo afora, portanto insuspeito, em sua obras defende o direito legítimo dos povos reagirem a tirania.

A luta contra a Ditadura foi legítima, pois trata-se de um governo ilegal, autoritário e elitista. Um regime que não representava a maioria do povo brasileiro, estando voltado as elites brancas do centro-sul nacional. Um governo que ampliou o fosso entre ricos e pobres, adotou políticas de extermínio para com os mais humildes; deu as costas para a educação, forçou o empobrecimento cultural do país, e fez de tudo para envenenar o caráter dos brasileiros, buscando impor ao povo modelos de comportamento pautados pelo individualismo e pela desonestidade. Para tanto, foi de fundamental importância a colaboração de meios de comunicação como a Rede Globo, principal aparelho ideológico da Ditadura.

Foi contra esse estado de coisas que jovens idealistas pegaram em armas no final dos anos 60. Quem faz de tudo para apontá-los como criminosos comunga com o pensamento autoritário e criminoso da Ditadura.

Voltaremos a esse tema, apresentando a trajetória dos grupos guerrilheiros.

Por Cappacete


* RIDENTI, Marcelo. "Esquerdas Armadas Urbanas (1964-1974)". IN: História do Marxismo: O marxismo na época da terceira internacional: da internacional comunista de 1919 às frentes populares (vol. 6). Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985. p. 136

** MATTOS. Marcelo Badaró. "Em Busca da Revolução Socialista: a trajetória da Polop 1961-1967)". In: História do Marxismo O marxismo na época da terceira internacional: a revolução de outubro: (vol. 5). Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1984. p. 197-198



Um comentário:

  1. não é só o PIG.ós livros de história q os professores nos mandam comprar para estudo não tem e nunca tiveram compromisso com a verdadeira história da ditadura no Brasil!falo isso por experiencia própria de estudante!

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