segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mortos em ''autos de resistência'' passam de dez mil em 11 anos no Rio





Alegando confrontos, polícia executou, de janeiro de 1998 até setembro deste ano, uma média de 2,4 pessoas por dia no estado

Desirèe Luíse

Radioagência NP


Alegando autos de resistência, a Polícia do estado do Rio de Janeiro matou mais de dez mil pessoas em quase 11 anos – de janeiro de 1998 até setembro deste ano – média de 2,4 mortos por dia. A estatística foi divulgada pela Secretaria de Segurança. A Polícia usa o registro auto de resistência para caracterizar situações em que houve resistência do opositor resultando em sua morte.

O vice-diretor do Laboratório de Análise da Violência da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), o sociólogo Ignacio Cano, classificou o número de mortos como a radiografia da barbárie.

“É uma Polícia que age dessa forma é a que vive em condições semelhantes a de uma guerra. A redução desses números a um patamar civilizado deveria ser uma das prioridades da política de segurança.”

No entanto, os números mostram que está longe a redução das vítimas mortas em auto de resistência. Segundo o Instituto de Segurança Pública (ISP), a média de mortos em alegados confrontos saltou de um por dia no último ano do ex-governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), para 3,3 por dia na atual gestão de Sérgio Cabral (PMDB).

Criado durante a ditadura militar, o auto de resistência encobre os casos de execução sumária, de acordo com o sociólogo Ignacio. Segundo ele, os indícios na maioria dos registros comprovam: as vítimas são assassinadas com disparos pelas costas, na cabeça e à queima roupa.

“Então, é claro que junto com os confrontos legítimos há também casos de execução sumária e todos são varridos para baixo do tapete sob o nome de auto de resistência.”




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