quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Lamarca e Corisco



Blog IZB

Por Emiliano José

Se entrega Corisco. Naquela manhã, sol a pino, claridade de doer, céu limpo no sertão, sentíamos forte o eco do grito que Corisco ouvira lá pelos anos 40 do século passado. Brotas de Macaúbas, no dia 19 de setembro, decretava o dia 17 de setembro como feriado municipal. Neste dia, em 1971, tombaram o capitão Carlos Lamarca e o seu inseparável companheiro, Zequinha Barreto, assassinados pelo major do Exército, Nilton Cerqueira, depois de implacável perseguição. Foram mortos em Pintadas, município de Ipupiara, nas cercanias de Brotas de Macaúbas.

Eu não me entrego não. No dia 25 de maio de 1940, mataram Corisco e feriram Dadá, em Brotas de Macaúbas. No dia 28 de agosto de 1971, um tropel de cavalos, cavalgados por assassinos conhecidos, comandados por Sérgio Paranhos Fleury, anunciou o cerco da casa da família de Zé Barreto, em Buriti Cristalino. Mataram Otoniel, irmão de Zequinha, e o professor Santa Bárbara. E feriram gravemente Olderico Barreto, outro irmão, que no dia 19 chorava emocionado no palanque armado na praça de Brotas de Macaúbas.

Eu não sou passarinho pra viver lá na prisão. Corisco foi morto por José Rufino, um pernambucano alistado na polícia da Bahia. No palanque de Brotas, o prefeito Litercílio Júnior, do PT. Isso mesmo: do PT. E mais, entre outros, o ministro Franklin Martins; o ex-governador da Bahia, Waldir Pires; o assessor especial da presidência da República, Carlos Tibúrcio; secretários do governo Wagner Nelson Pellegrino, Walmir Assunção e Afonso Florence; o presidente do Instituto das Águas, Júlio Rocha e o deputado Yulo Oiticica, além de um dos principais inspiradores do encontro histórico, Roque Aparecido, companheiro de lutas de Zequinha Barreto.

Só me entrego na morte de parabélum na mão. Como tenho dito seguidamente e como disse também na praça o ministro Franklin Martins, nós falamos às claras, abertamente. Os torturadores, os que mataram, os que esquartejaram corpos, vivem nas sombras. E a sociedade brasileira há de continuar a cobrar a punição para todos eles. Dos nossos, a Nação se lembra com saudade e orgulho.

Publicado no jornal A Tarde (28/09/2009)



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